Crescimento nos diagnósticos de TEA impulsiona a criação de clínicas especializadas
- B+News
- 28 de fev.
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Hapvida lidera com 86 unidades e R$ 40 milhões investidos em 2024 no atendimento a pacientes com TEA

O aumento nos diagnósticos do Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil, acompanhado de uma tendência global, trouxe um efeito colateral inesperado: o surgimento de uma rede de serviços especializados para o tratamento de neurodiversidade, algo inédito até então no país. Esse crescimento repentino da demanda, especialmente após a pandemia, foi acompanhado de desafios relacionados aos altos custos e ao aumento de fraudes. Em resposta, as operadoras de saúde começaram a implementar estratégias para controlar esse cenário, investindo em clínicas especializadas, criando centros exclusivos de atendimento e estabelecendo um processo rigoroso de cadastramento de prestadores de serviços.
Com uma base de cerca de 16 milhões de beneficiários, a Hapvida se destaca por sua operação verticalizada e, até o momento, já possui 86 unidades dedicadas a pacientes com TEA espalhadas por todas as regiões do Brasil. Somente no ano passado, a empresa investiu R$ 40 milhões para abrir 35 novas unidades e 366 salas de atendimento, com capacidade para atender 30 mil pacientes.
Nessas unidades, o foco é o atendimento multidisciplinar, com equipes compostas por psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, fisioterapeutas e musicoterapeutas, todos especializados em cuidar de pacientes com neurodivergência, como TEA e TDAH.
Novos investimentos à vista
Para 2025, a Hapvida planeja abrir mais 15 unidades e criar 212 novas salas de atendimento, com um investimento adicional estimado de R$ 40 milhões.
A Bradesco Saúde também entrou no movimento, criando uma central de atendimento exclusiva para pacientes com TEA. Além disso, duplicou sua rede de prestadores, agora com mais de 570 profissionais credenciados no país.
A SulAmérica, por sua vez, inaugurou no ano passado a primeira clínica Aproximar em Santo André, na grande São Paulo, e já prevê expandir sua rede para outras regiões, embora ainda não tenha revelado os detalhes financeiros.
A crescente demanda pós-pandemia
Esses movimentos atendem a uma demanda crescente por parte dos clientes dos planos de saúde, em um cenário de aumento de diagnósticos pós-pandemia. Para ilustrar esse crescimento, o Censo Escolar de 2022 registrou 429 mil alunos matriculados com diagnóstico de TEA, um aumento de 280% em relação ao ano anterior. Em 2023, esse número subiu para 636 mil, marcando uma alta de 48%.
Essa realidade também afeta o setor de saúde. Segundo dados da Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde), o número de pessoas com deficiência registradas nos planos de saúde aumentou de 22.119 em 2019 para 47.846 até maio de 2024, um crescimento de 116%. No entanto, devido ao sigilo de dados, não é possível determinar quantos desses casos são relacionados ao TEA.
Para o médico sanitarista e professor de gestão em saúde da FGV, Walter Cintra Ferreira, a abordagem pública sobre o tema tem sido inadequada desde que o transtorno se tornou mais visível. "Não houve, até o momento, uma regulamentação técnica baseada em evidências para o tratamento e cuidado do TEA", afirma. "Embora seja fundamental garantir apoio às famílias, os tratamentos deveriam já estar definidos há algum tempo, com uma discussão mais madura sobre o tema, especialmente dentro da estrutura dos planos de saúde."
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